São Francisco de Paula

16/12/2018

São Francisco de Paula está localizada entre a Serra Gaúcha e os Campos de Cima, no caminho entre os cânions e Gramado, no estado do Rio Grande do Sul, a cidade é conhecida popularmente por seus habitantes como São Chico. Possui aproximadamente 20 mil habitantes e esse é um dos motivos que a faz ser muito tranquila, aqui é uma ótima oportunidade para você aproveitar o contato com a natureza e descansar.

A principal avenida da cidade é a Júlio de Castilhos, nela você encontrará desde produtos de couro e lã, assim como produtos coloniais (queijo, pães, salames, geleias, cachaças) e restaurantes. Nela você poderá caminhar pelo seu calçadão o qual é todo arborizado por árvores para quem já esteve no Canadá se recordará, pois as árvores ali plantadas são o famoso Plátano-bastardo conhecido como - Maple Tree -, conhecida como bordo de açúcar. Você a verá em tom vermelho na época do outono, visitei a cidade no verão e por isso, estavam verdes, com algumas folhas em tom vermelho.

Outros atrativos dessa avenida são seus monumentos: Monumento à Cuia, o qual destaca os aspectos e lendas do folclore gaúcho, além de simbolizar a tradição e hospitalidade do povo gaúcho. Monumento ao Negrinho do Pastoreio é um dos personagens mais famosos do Folclore Gauchesco. Monumento em Homenagem aos Tropeiros, em reconhecimento a saga dos tropeiros que contribuíram heroicamente para o início de São Chico e o Monumento ao Carreteiro, em homenagem do povo serrano aos desbravadores gaúchos carreteiros. Todos esses monumentos são fáceis de encontrar, basta caminhar pela avenida.

Na mesma avenida você encontrará a Livraria Miragem, totalmente diferenciada das livrarias que você já visitou, apesar de ter sido construída em 2007, remete uma construção antiga, possui quase 2000 metros quadrados e todos os seus móveis são de madeira de demolição, o que tornou o lugar um charme. A livraria possui três andares e um sótão, no térreo você encontrará vários livros, os quais estão divididos por seções, além da Casa de Chá, onde são servidos lanches naturais (feitos com verduras e frutas orgânicas). No fundo do pátio interno você poderá visitar a réplica do primeiro banco da cidade - Banco Nacional do Comércio (1918) - nele há fotos e móveis antigos, contando a história da cidade. No segundo andar você encontrará muitos objetos de decoração, todos lindos, além de uma sala que retrata a cultura gaúcha com fogão a lenha, vitrola, gaita, laço, entre outros objetos e por fim o último andar o qual conta com uma exposição de móveis e uma sala do tempo, além de livros usados e no sótão você poderá ver uma exposição de artes plásticas, o local é muito lindo e vale a pena visitá-lo, você voltará no tempo e se sentirá em um filme antigo, eu amei.

Uma loja que achei muito charmosa e que fica nessa avenida é a Essência da Serra, você encontrará artesanato local, geleias, bolachas, sucos, licores, além de peças lindas e delicadas em porcelana, ainda poderá ver uma exposição com móveis e objetos antigos, por exemplo a vitrola (alguns estão apenas para exposição outros a venda). Outro lugar que fica nessa mesma avenida e que recomendo para jantar é a London Pizzaria, com opção de rodízio ou a la carte, eu preferi pedir uma pizza média sabor calabresa e filé mignon - achei a pizza bem temperada, de massa fina, mas com borda, muito saborosa, eu adorei - esse tamanho de pizza que pedi saiu 50 reais. A pizzaria é bem fácil encontrar, pois na sua frente tem uma réplica de uma cabine de telefone de Londres, o interior da pizzaria também é todo decorado ao estilo, muito charmosa.

A Igreja Matriz fica no alto do morro, bem fácil de localizá-la, você a verá de vários ângulos da cidade. Ela foi inaugurada em 1964, possui arquitetura diferente, com torre única e suas portas principais foram esculpidas à mão por Tarcisio Nodaria. A igreja é bem ampla e seu interior apesar de ser bem simples, conta com lindos vitrais. Na sua frente está Praça Capitão Pedro da Silva Chaves, a praça é pequena e simples conta com duas estátuas: uma do busto de José Bonifácio e a outra do Santo Padroeiro São Francisco de Paula, por ser época de Natal a praça estava decorada.

Uma das atrações que adorei foi o Lago São Bernardo, este é o cartão postal da cidade, possui uma extensão de 1900 metros, nele é possível caminhar e andar de bicicleta, pois possui ciclovia e uma ótima calçada para caminhadas, suas margens possuem gramas, muitas árvores plantadas e as lindas hortênsias que na época que visitei em dezembro estavam floridas. As árvores plantadas na margem boa parte delas são o Plátano-bastardo, mesma da avenida Júlio de Castilhos e no outono deixam a margem do lago linda, com seu tom vermelho, outras árvores que você verá são o pinheiro e araucária. Aqui você ainda encontrará uma gruta, que possui imagens de vários santos: São Francisco de Paula, Nossa Senhora de Lurdes, entre outros.

Em frente ao lago está localizado o Hotel Cavalinho Branco sua construção é de 1930, mas tornou-se hotel apenas em 1970. Sua estrutura é bem antiga e muito dos seus ambientes rementem a época medieval, um dos seus salões onde são feitos vários eventos possui decoração totalmente medieval, o que achei muito bonito. O hotel não possui elevador e os móveis do quarto também são antigos, o café da manhã é tradicional com pães, salames, bolos, frutas e sucos, o hotel conta com sala de jogos, sala de televisão, um mini museu com peças doadas (máquinas de escrever, bicicleta, entre outros) e piscina, a diária saiu 100 reais por pessoa.

Próximo ao lago fica a estrada que leva até o Parque das 8 Cachoeiras e a Terra do Sempre, eu visitei somente o Parque das 8 cachoeiras, a estrada é de chão batido e até o parque são 2,5 km, já para a Terra do Sempre são mais 6 km (esse não visitei devido a chuva, mas o local conta com pousada e trilhas). O parque fica em uma propriedade particular que conta com pousada, restaurante, espaço para camping e piscina, como atrativos possui: tirolesa, arvorismo, rapel, parede de escalada e mirante (essas atrações são pagas a parte). O outro atrativo são as trilhas para as cachoeiras, no total são 4 trilhas. A primeira trilha compreende as cachoeiras do Remanso e da Escondida, essa é considerada fácil para a Cachoeira do Remanso são (15 minutos ida e volta) para essa cachoeira o acesso é o mais tranquilo e rápido, já para a Cachoeira da Escondida (30 minutos ida e volta) a trilha possui algumas subidas íngremes e muitas rochas, sendo a mata mais fechada. A segunda trilha compreende as cachoeiras da Neblina e da Ronda, essa possui um nível de dificuldade médio com demora no percurso entre 30 minutos ida e volta para a Cachoeira da Neblina, no começo a trilha é bem fácil em terreno plano, no final para ver a cachoeira, você deve descer por uma escada íngreme e para da Ronda 40 minutos, essa possui subidas íngremes, caminho mais estreito e com mais mata e muitas pedras, sendo que algumas servem de ponte para atravessar um riacho, essas 4 cachoeiras que citei não são próprias para banho e você poderá apenas fotografar, eu fiz somente essas trilhas, devido ao horário que cheguei no parque, pois já era no período da tarde, além do tempo estar instável e com risco para chuva. A recomendação do parque para a trilha dos Pilões e da Ravina, é que em caso de chuva durante a trilha você retorne, pois há trechos em que você terá que passar pelo rio e ele poderá subir rapidamente, ou caso já esteja chovendo a trilha não é permitida. O mesmo ocorre para a trilha das cachoeiras do Quatrilho e das Gêmeas Gigantes, onde também há passagem pelo rio, além de não ser permitida iniciar a trilha depois das 12h para as Gêmeas Gigantes, pois essa trilha demora 5 horas (ida e volta) e na mata escurece cedo, a trilha para a cachoeira do Quatrilho demora 2 horas e 30 min (ida e volta). As demais cachoeiras são próprias para banho, as cachoeiras são lindas, além do local contar com boa estrutura, o ingresso custa 25 reais por pessoa (adulto), pretendo voltar em outra época para fazer a trilha para as outras cachoeiras.

Você não pode deixar de visitar o Paradouro Rota das Barragens, ele fica no mesmo caminho para visitar as Barragens do Blang e da Divisa, para chegar nele você seguirá por pela Estrada do Blang (estrada de chão por 14 km), o trajeto é lindo, devido a vegetação, plantações e banhados. O local funciona como restaurante, além de cenário para fotos e casamentos. O dono é o seu Jorge, uma pessoa muito simpática e atenciosa e que procura manter a cultura gaúcha desde os pratos típicos servidos (costelão assado na vala, churrasco de pinhão e comida campeira feita no fogão a lenha, sem contar as sobremesas), você pode andar a cavalo e alimentar os animais (coelhos e ovelhas). Tudo é bem rústico para manter a tradição, desde mesas de madeira, fogão a lenha, lareira. Para aqueles que desejam ficarem hospedados conta com uma pequena casa de campo (bem rústica, com jeito campeiro), nela podem ficar até 4 casais. Aqui você terá uma linda vista dos Campos de Cima da Serra, além de ver as represas das barragens do Blang, da Divisa e do Salto. O almoço sai 55 reais por pessoa e vale muito a pena, super indico.

Saindo do paradouro mais 1 km você chegará até a Barragem do Blang, uma imponente construção na qual em épocas de cheia você verá água escorrer pelos seus (quando eu visitei faltava bem pouco para ela começar a vazar), a estrada é bem ruim até chegar nela e para ir até a Barragem da Divisa, você precisa atravessar a estrada pela barragem e passar por uma ponte de madeira, caso seu veículo não seja 4x4 em dias de chuva ou quando a vazão d'água esteja muito forte, pode ser complicado você passar (até a segunda barragem são mais 6 km), em épocas de cheia essa passagem fica com água e em algumas vezes a estrada fica bloqueada, devido esse trajeto não oferecer segurança. A barragem está localizada no rio Santa Cruz e essa é a maior represa do Sistema Energético Salto, foi inaugurada em 1958 e aqui forma a Bacia Hidrográfica do CaÍ, não deixe de ir no alto da barragem onde fica um pequeno mirante, de lá você terá uma linda vista. Devido ao tempo estar para chuva e próximo do anoitecer não fui até a Barragem da Divisa, mas já adorei a vista que tive do Blang, o trajeto demora quase 1 h para chegar nela, devido a estrada ser bem ruim.

Outras atrações da cidade, mas que não visitei são o Parque da Cachoeira, nas Barragens da Divisa e do Salto e no Parque das Cascatas (este fica distante a 70 km da cidade). Eu gostei bastante da cidade e pretendo voltar no final do outono, quase entrando no inverno, para ver ás árvores com a coloração avermelhada e realizar esses outros passeios que não fui, devido ao pouco tempo que fiquei na cidade. Acredito que para fazer todos os passeios com calma 4 dias são suficientes. No verão durante o dia a temperatura é bem elevada, mas durante a noite fica bem fresco, aquele clima gostoso de serra, quando estive o clima estava bastante instável, de manhã amanhecia com sol e a partir das 12h o tempo começava a fechar e com muito vento e mais para o final da tarde chovia.


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